Goiás em alerta para casos de sarampo e poliomelite

A Secretaria da Saúde de Goiás, por intermédio da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), alerta os municípios e as unidades de saúde para a intensificação do monitoramento dos casos suspeitos de sarampo e Paralisia Flácida Aguda (PFA).
A medida é por causa da ocorrência de surto de sarampo em Roraima e Amazonas e o isolamento de vírus pólio (derivado vacinal tipo 3), conforme informe técnico emitido pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) disponível no link https://www.paho.org/hq/index.php?option=com_topics&view=article&id=257&Itemid=40900&lang=es.
SARAMPO
O continente americano foi considerado livre do sarampo em 27 de setembro de 2016. As outras cinco regiões do mundo têm como meta alcançar a eliminação da doença até 2020.
A Venezuela enfrenta desde julho de 2017 um surto de sarampo, com aproximadamente 1000 casos confirmados, sendo a maioria dos casos provenientes do estado de Bolívar. A propagação do vírus para outras áreas geográficas é explicada principalmente pelo intenso movimento migratório que ocorre atualmente no país.
No Brasil os últimos casos autóctones de sarampo ocorreram no ano de 2000, todos os casos confirmados no país posteriormente eram importados ou relacionados à importação. Entretanto, no período de janeiro de 2013 a agosto de 2015 no Brasil foram confirmados 1.310 casos de sarampo, sendo que a maior frequência dos casos nos referidos anos ocorreu em Pernambuco e Ceará, 226 e 1.052 casos, respectivamente.
Em 13 de fevereiro de 2018, o Ministério da Saúde foi notificado sobre um caso suspeito de sarampo no município de Boa Vista – Roraima, de uma criança venezuelana de 12 meses de idade, não vacinada, que frequentava um dos abrigos destinados ao acolhimento dos imigrantes venezuelanos. A mesma foi confirmada com sorologia reagente, PCR positivo e genótipo D8.
Em Roraima, até a semana epidemiológica 22 (02 de Junho) foram notificados 377 casos suspeitos de sarampo, destes 83 foram confirmados, 20 foram descartados e 274 estão em processo de investigação. No Amazonas foram notificados 900 casos suspeitos de sarampo, destes 143 foram confirmados, 85 foram descartados e 672 estão sendo investigados. No Rio Grande do Sul foram notificados 35 casos suspeitos, com a confirmação de 1 caso e descarte de 33 casos, apenas um caso ainda esta sob investigação.
Em Goiás, no período de 2014 a 2018, foram notificados 123 casos suspeitos de sarampo, sendo todos descartados pelo critério laboratorial. O último caso da doença foi confirmado em 1999.
O sarampo é altamente transmissível, podendo cursar com sérias complicações e evoluir para morte. A transmissão pode ocorrer por dispersão de gotículas com partículas virais no ar, principalmente em ambientes fechados como creches, escolas, clínicas e meios de transporte, incluindo aviões.
O vírus pode ser transmitido 5 dias antes e 5 dias após a erupção cutânea. Os sintomas do sarampo são febre alta, exantema máculo-papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal, antecedendo ao exantema.
Caso suspeito sarampo:
Todo paciente que, independente da idade e da situação vacinal, apresentar febre e exantema maculo papular acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ ou conjuntivite; ou todo individuo suspeito, com história de viagem ao exterior nos últimos 30 dias, ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior.
O diagnostico laboratorial do sarampo se dá através de pesquisa sorológica de IgM e IgG, devendo ser realizado pelo laboratório de referência estadual Lacen, que tem a capacidade de processar 180 teste/semana, 720 teste/mês. Os resultados devem ser liberados em 4 dias, a contar da data de recebimento da amostra.
Caso suspeito PFA:
Todo caso de Paralisia Flácida Aguda (PFA), apresente início súbito, em indivíduos menores de 15 anos, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite e ou caso de deficiência motora flácida, também de início súbito, em indivíduo de qualquer idade, com história de viagem a países com circulação de poliovírus nos últimos 30 dias que antecedem o início do déficit motor, ou contato no mesmo período com pessoas provenientes de países com circulação de poliovírus selvagem/poliovírus derivado da vacina (PVDV), que apresentarem suspeita diagnóstica de poliomielite ou não.
O diagnostico laboratorial é realizado pelo Laboratório de Referencia Nacional da Fundação Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro, por meio do PCR/Isolamento viral, tendo o envio semanal conforme demanda.
RECOMENDAÇÕES:
Informar e sensibilizar os profissionais, autoridades e gestores em saúde e toda a sociedade sobre os riscos de reintrodução do pólio vírus selvagem e da importância da manutenção de altas coberturas vacinais para que o País continue livre do pólio vírus selvagem.
Alertar as unidades de saúde públicas e privadas (unidades de saúde de baixa, média e alta complexidade), por todos os meios de comunicação possíveis sobre a situação epidemiológica nacional da poliomielite.
Alertar para que os profissionais de saúde estejam atentos para casos que apresentarem paralisia flácida aguda em especial casos suspeitos de Guillain Barré.
Reforçar a necessidade de manter altas coberturas vacinas (acima de 95%) e cobertura homogenia em todo o Estado. Para a imunização contra poliomielite, vacinação é composta por três doses da vacina inativada poliomielite (VIP), administradas aos dois, quatro e seis meses,  com a vacina oral poliomielite (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Reforçar a vacinação de profissionais que atuem no setor de turismo, funcionários de companhias aéreas, de transporte rodoviário, motoristas de táxi, funcionários de hotéis e restaurantes, e outros que mantenham contato com viajantes.
Realizar a coleta de espécimes clínicos (fezes) até o 14º após o início da deficiência motora.
Intensificar as ações de vigilância e imunização para o alcance dos indicadores preconizados por ocasião da certificação de país livre da circulação de pólio vírus.
Intensificar a busca ativa de casos de paralisia flácida aguda em crianças menores de 15 anos.
Caso haja suspeita de infecção por poliovírus selvagem ou PVDV em pacientes internados, orienta-se a tomada de precauções entéricas durante o período de transmissibilidade (seis semanas). Essas precauções bloqueiam a transmissão de doenças infecciosas por meio do contato direto ou indireto com as fezes contaminadas.
Na detecção de casos suspeitos de sarampo ou poliomielite, as secretarias municipais de Saúde devem:
Proceder à notificação imediata em até 24 horas à Secretaria da Saúde.
Fonte: Goiás Agora